terça-feira, 24 de abril de 2012

Frio

Sinto o frio gelando meus pés
As pontas dos dedos de minhas mãos, rígidas
A pele de meu rosto chega a doer
A fina camisa de mangas compridas não me esquenta

Eu me sinto quase como um inglês
Usando esse gorro de lã, bem quente
Porém, o chinelo estilo Havaianas contradiz com isso
As roupas não condizem com o momento
E no entanto, me sinto vivo
Algo me reanimou hoje.

Mesmo já sendo 01:50, não tenho sono
Até o tenho. Mas ansiedade não deixa que me leve
Deito meu corpo, cansado e dolorido
Encosto minha cabeça e fecho os olhos
Mas não paro de ver coisas
De ver rostos. De ouvir vozes. De sentir aromas.
Vivo! Me sinto vivo de novo!
E lembrei-me porque havia me zumbificado

Porque a vida, a minha vida, a minha verdade aqui
Dói
Não me agrada e não me faz ser alguém bem ou feliz
Bem para eu mesmo, para os outros.

O frio me toma. Faz-me tremer, em pequenos espasmos

A pele arrepia, os pelos arrepiam
E sozinho, sinto-me acompanhado. Como pode?
Quem eu me tornei, no longo do anos?
E já fazem anos!

Um fino cobertor não deveria ser capaz de bloquear este frio

Não seria capaz de aquecer um corpo
Que diria então, um edredom

Mas aqueceu. Acolheu. Escondeu. Foi teu e permaneceu.


As palavras voltaram a fazer sentido.
De repente, tudo pareceu fazer sentido.
O frio trouxe sentido?
Trouxe minha verdade longínqua, que tanto falo?
Sei que pontos de interrogação surgirão em muitas cabeças

Mas o que importa, é o que está surgindo em minha.

Uma reticências.
Pois isto, não acabou.

E um ponto final não existirá.

O frio...
Nunca o frio me aqueceu tão agradavelmente.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Não pode estar certo

Como se fosse um medo bobo.
Um medo infantil.
Novos temores, mas por motivos antigos.
Rostos inapagáveis.
Todas as manhãs do mundo e todos os dias em que o sol nasce
E sua luz bate em minha janela
Me trazem recordações de uma vida que talvez fosse melhor eu não ter conhecido

Como ter passado a vida toda acostumado a um sabor amargo
Num dia, conhecer o sabor doce da vida
E subitamente, ter tudo que me foi apresentado, arrancado de mim
Inconformismo fala mais alto que minha razão
Palavras de conforto se fazem desnecessárias

Eu não estou no lugar certo.