O fim de parte de minha essência

Recebi hoje... não, não recebi. Acabei descobrindo hoje, algo que a princípio, não passou por completo em minha cabeça, então, não afetou tanto.

Mas há algumas horas atrás... pensando... e refletindo sobre esse fato, acabei caindo num abismo. De dúvidas, questões, medos e inseguranças.


Parte da minha essência, da essência do Satan's Guide (parte.... quase 80% da influência do Satan's Guide) teve encerramento.


Acabou, no ano de 2010, depois de 15 anos de existência, algo que me incentivou... me deu forças em muitos momentos, e em outros, forças para ir no mais profundo da minha alma. No âmago de minhas emoções, idéias e temores, fazendo eu ter uma visão sobre a vida e sobre música, completamente diferente do que eu tinha.


Eu me lembro agora mesmo, como se tivesse sido ontem, a primeira vez que veio até mim, esse pedaço de minha alma, que parecia que faltava em mim, para saber quem eu realmente era.


Numa tarde... lá por 17:30, em São Paulo, na casa de um cara que eu mal conhecia, junto do meu amigo Felipe Martins. Estávamos gravando a demo do Thy Blasphemy. Estava na cozinha do lugar, olhando o céu escurecendo. Aquele ar pesado de São Paulo; aquela barulhera desgraçada de carros, ônibus e pessoas... e lá de fundo, eu ouvia algo diferente. Algo que tocava no fundo da casa. Prestei atenção, e reparei que não tinha ouvido nada como aquilo.


E a partir daquele dia, tomei conhecimento daquilo que me faltava. Para seguir adiante com meu projeto solo. Com minhas idéias sobre a humanidade; sobre mim; sobre tudo. Algo que mostrou do que eu era capaz. Do que as pessoas ao meu redor são capazes. Do que ELE é capaz.


Quando eu falava a respeito, pouquíssimos sabiam do que se tratava. E os poucos que conheciam, não davam tanto valor e importância, como eu dava. Importância que ainda dou.


Procurei saber mais a respeito disso. E o pouco que descobri, foi o suficiente para me inspirar.


E com o passar do tempo, aquilo me acompanhava. Eu o acompanhava.


Destruia minha alma. Desconstruia tudo que eu tinha por certo e errado, e me reerguia, com um pensar completamente diferente.


A musicalidade das minhas músicas mudaram totalmente, depois que conheci isso.


Em horas de tristeza, eu o ouvia.
Em horas em que estava no meu auge, também o ouvia.




Mas hoje....... com seu último album, Portal Of Sorrow, Malefic encerrou seu projeto solo:

XASTHUR

São 14 músicas. 14 músicas que mostram o trabalho final de Malefic (Scott Conner) no Xasthur.

Ele disse que não haverá mais lançamentos. Nem reuniões de fim de banda, nada. Acabou.


Para encerrar sua carreira, de maneira excelente, do jeito que ele queria, ele gravou esse album. Um album bem diferente do que ele vinha fazendo. E claro, se ficou do agrado dele, para ser a sua despedida, não poderia estar menos do que perfeito. E eu digo: está.


Xasthur não é só uma banda. Uma one-man-band. Não é apenas música. É muito mais que isso.
Me deu uma filosofia de vida. Modos de pensar, de agir, de falar, de compor, de enxergar e de ser.


Não esperem de mim, falar neste post, como crítico musical. Porque Xasthur não é para ser criticado em quesitos, como qualidade, técnicas ou coisas do tipo.
Sua música é algo único. Algo tão nebuloso, que invade a mente, te carregando imediatamente para o mundo obscuro e atormentado, que Malefic queria nos mostrar.


Eu nunca pude dizer uma palavra se quer a ele.

Jamais terei a chance. E isso não muda nada. Porque, está tudo feito. As mudanças em mim, em tantas outras pessoas que o acompanhavam também... em tudo que seu trabalho mudou.


Malefic não morreu. E mesmo o Xasthur acabando, também JAMAIS morrerá. O seu trabalho ficará para sempre marcado na história.


MUITAS bandas (boas e ruins) surgiram com ele. Antes e depois da existência do Xasthur.
Mas, o que o Xasthur fez, construiu e propagou, ninguém conseguirá. Era, como eu disse, mais do que apenas música. Era sua vida. Seu modo de expressar. De dizer, de mostrar.


E agora....... acabou. A última música que ouviremos deste gênio, chamado Scott Conner, mais conhecido como Malefic... chama-se Hiver de Glace. Encerrando assim, seu último album. Com 14 músicas que falam muito mais do que este post. Muito mais do que qualquer outro post. Muito mais do que todos posts do mundo juntos.




Xasthur......... não acabará aqui.


A desolação que sinto, não acabará aqui. Não me sinto menos mal. Pois como eu já disse, parte de minha essência, acabou.


Era mais do que uma banda para mim... era mais do que só um cara compondo.
Era a melodia dos meus pesadelos. Dos meus sonhos. Pensamentos, momentos e lugares.


Xasthur é eterno.




Xasthur. Um demônio que mata as pessoas, enquanto dormem.




Tantos albuns... pouquíssimos shows e algumas participações.




Estará comigo, para sempre.



Perpétuo.

Ainda não consegui engolir essa notícia......................... ainda não........ preciso preencher o buraco, que agora ficou em minha alma.