Magdalene, leve-me em teus braços, em teu voo

Ao acordar de seu merecido repouso

Repouso de anos sofridos

Ele sente suas asas preparadas, prontas

Para voar e seguir seu caminho nos céus

Aqui, ali, acolá, em tantos lugares possíveis

Suas penas estão novas, como intactas

O dia lhe dá um belo sol

Um belo e amplo campo

Onde ele, já liberto, poderá voar

Sentir todo ar fresco em seus pulmões

Sujos, já uma vez respirado as fumaças

Das lavas do inferno

E todas as novas cores

Todas as cores vivas e belas

Pertencem, tão somente, apenas a ele

Dono de todas as novas rotas de seu ser

Caminhos tortuosos e espinhosos

Como uma flor que desabroxa

Como um novo ser

Ferido e machucado

Suas asas não podem ajudá-lo

A levantar, tão sonhado, voo

Amarrado, ou acorrentado, usai o termo

Que quiserdes

Não sois a bela paisagem que enfeita estes dias

Não tens a que agradecer

Pois teus dias e noites, são pequenos presságios

Presságios de seu último voo

Voe, pequeno ser

Voe, para não voltar

Há Deus, de ter piedade de teu fim

E levá-lo, junto Dele

Pois num mundo em que todas as asas

São podadas

Não se pode esperar final diferente

Se não, o do irrecusável

Voo final.

Voem, pequenos.

... apenas voem